29 de setembro de 2011

Varão e Varoa, estamos no século XXI

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 Artigo publicado pelo meu Professor Jonas Madureira em 19/08/2010. Confiram seu blog, vale a pena! http://jonasmadureira.blogspot.com/


"Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir." Lucas 15.1

É inegável que o cristianismo contemporâneo vive a crise da relevância. Os novos críticos do cristianismo não se cansam de dizer que o discurso dos cristãos cheira naftalina, é tão antiquado, fora de moda e irrelevante. Para ilustrar esse fato, lembro-me de que, há poucos dias, um colega da USP, sabendo que sou cristão, se aproximou de mim e, sem rodeios, perguntou-me: “Por que muitos evangélicos falam tão esquisito? Eles chamam uns aos outros de varão e varoa! Abusam dos arcaísmos! Usam expressões tão ultrapassadas que às vezes me sinto nos dias de Olavo Bilac!” Dureza, não?! Expliquei que muitas das versões bíblicas que as pessoas leem são muito antigas, e, por esse motivo, acabam trazendo o vocabulário delas para o dia a dia. “Que bizarro!”, disse meu colega. E incomodado com isso, perguntei: “Por que bizarro?”. Ele prontamente me respondeu: “Porque isso assusta qualquer um! É uma linguagem muito distante da realidade!”. Nessa hora, infelizmente, tive que concordar com ele. Nossa linguagem, às vezes, é tão descontextualizada que, em vez de atrair, assusta os publicanos e pecadores de nossos dias.

O que acho mais interessante no texto de Lucas 15 é o fato de que os publicanos e pecadores não se aproximaram de Jesus para pedir um milagre, uma bênção. Pelo contrário, se aproximaram dele só para ouvi-lo. Isso aconteceu porque a pregação de Jesus era empolgante, o Mestre era verdadeiramente relevante. Veja a bela imagem que Lucas nos oferece: o Filho de Deus, sentado à mesa com publicanos e pecadores, completamente atraídos pelo seu discurso. Ou seja, Lucas mostrou que Jesus era interessante não apenas por causa dos milagres que fazia, mas principalmente por causa de seu pensamento, de sua capacidade de ler o coração dos homens e de expor os desígnios de Deus, com ousadia, sabedoria e relevância.

Ouvindo algumas pregações aqui e acolá, em canais de TV e em igrejas, percebo que muitos dos discursos e pregações de nossos dias estão muito distantes de ser comparados às pregações empolgantes de Jesus. Acredito que uma das razões seja a nossa incapacidade de ler nosso tempo, agravada pela pobreza de nossa leitura dos desígnios de Deus, expressos nas Escrituras. Quando digo “ler nosso tempo”, digo “ler as pessoas de nossos dias”. Jesus entendia o homem de seu tempo como ninguém. Ele compreendia as questões que o homem de seu tempo fazia e, por isso, respondia de forma relevante aos publicanos e pecadores de seu tempo.

Em contrapartida, nossa leitura do varão hodierno — ops! do homem de hoje! — é vergonhosa. Não entendemos seus pensamentos, não entendemos suas questões. Às vezes, tenho a impressão de que a maioria de nós está falando para homens do século XIX, e não só com uma linguagem oitocentista, mas — o que é pior ainda — usando uma lógica e um tipo de reflexão e postura intelectual que é típico do universo espiritual oitocentista.

A verdade é que alguns sermões de hoje se tornam irrelevantes porque apenas respondem às perguntas que o homem do século XIX fazia. São sermões tão distantes do século XXI, que dão sono! Cá para nós, às vezes me pergunto se isso acontece por causa do delay de publicações das obras teológicas oitocentistas, que são publicadas hoje em dia como “grandes lançamentos do ano”. Sinceramente, não sei. O que sei é que, se queremos proclamar o reino de Deus para o nosso tempo, temos de nos livrar de nossas lentes oitocentistas. Precisamos ler o homem de nossos dias, com lentes apropriadas para o século XXI.

O homem de hoje é um homem sem transcendente, ou melhor, um homem deslumbrado com o imanente, que passa a ser tomado como se fosse transcendente. Em outras palavras, alguém que trocou a adoração a Deus pela veneração ao carro do ano, ao último modelo de celular, de notebook, de TV e por aí vai. Por isso, as megaigrejas estão tão cheias. E garanto que não é pela relevância do discurso, mas pela exploração da angústia do homem moderno. Este vai à igreja não mais para simplesmente adorar, mas para clamar a Deus por um carro novo, uma casa maior, mais dinheiro, mais sucesso, mais poder. A tara por essas bênçãos materiais mostra o quanto somos niilistas, vazios, sem um sentido ulterior para vida, que seja superior a tudo o que está preso ao tempo e ao espaço.

Não precisamos de sermões que alimentem nossa angústia niilista. Precisamos de sermões que nos conscientizem de nossa real situação. Sermões que revelem as novas faces de nossas depravações e desesperos. Sermões que sejam resultado de uma exegese bíblica cuidadosa e contextualizada, e, ao mesmo tempo, conscientes de que nossa inteligência e compreensão devem ser submetidas à luz do Espírito, o único que nos permite ver o Jesus supracultural, supratemporal, preexistente, Filho de Deus, Senhor do tempo, da história, da terra e do céu. Sermões que nos sirvam como espelhos para mostrar a face sofrida e angustiada de nosso coração, tão longe da busca pelo transcendente e tão entregue à busca exacerbada por bens transitórios. Só assim haverá conversão genuína, adoração verdadeira, pregação relevante. Só assim publicanos e pecadores de nosso tempo deixarão de se assustar com esse nosso esquisito jeito oitocentista de ser, e se aproximarão de nós para conhecer o Jesus do século XXI, que, paradoxalmente, em nada deve ser menos atraente do que o Jesus do século I.

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A importância do sermão expositivo no contexto brasileiro

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Diante do quadro atual que temos vivenciado nos púlpitos de nossas igrejas, resolvi postar esse artigo. Tal tema vai de encontro direto aos sermões que temos ouvido, se é que podemos chamar de sermões inúmeras idiotices e heresias que são lançadas nas mentes de pobres irmãos que optam em não ler e meditar nas Escrituras e assim comem de uma comida congelada, vazia e sem gosto.

Antes de abordarmos o tema, propriamente dito, faz-se necessário definirmos o sermão expositivo dos demais. Sermão expositivo é aquele que nos trás a exposição de um texto bíblico, ou seja, todas as idéias saem do texto e de seu contexto. A pessoa do pregador deverá explorar ao máximo o seu conteúdo e permitir que o mesmo alcance a pessoa do ouvinte. Se observarmos os outros sermões (textual e temático), notaremos que esses buscam em outros textos bíblicos argumentações para apoiar o texto ou tema escolhido.

Expor um texto bíblico não é tão fácil assim, pois a pessoa do pregador terá a tarefa de transpor os fatos e acontecimentos narrados no contexto histórico daquela época, para os nossos dias atuais e para diferentes ouvintes. Não podemos deixar de mencionar que o pregador, também, deverá estar preparado espiritualmente e assim contar com a capacitação do Espírito Santo.

Sem dúvida nenhuma, o Sermão Expositivo, embora seja o mais difícil de prepará-lo, é aquele que apresenta um maior resultado em comparação aos demais, isso em função de possuir maior conteúdo e aprofundamento bíblico. Podemos afirmar que, dificilmente um assunto fora do contexto será abordado neste tipo de sermão, como é comum em nossos dias.

Infelizmente, vivemos em tempos em que o homem se tornou o centro do Universo e a própria teologia absorveu isso. É comum ouvirmos uma série de sermões enaltecendo ao homem sem base bíblica, ou melhor, se refugiam no sermão temático e no textual para construírem suas próprias idéias e interpretações. Há muitos ensinamentos que vão além do que está escrito, gerando assim exageros. Não podemos admitir que as pessoas que se dizem cristãs desprezem o conteúdo bíblico, e por essa razão acredito que Paulo escreveu em 1 Cor, 4.6 “...não ultrapasseis o que está escrito.

A maioria das pessoas que dizem cristãs, atualmente, só pensa nas bênçãos. Isso se dá, devido à superficialidade das pregações e ênfase no ser humano, que leva o povo de Deus a pensar em apenas receber e conquistar suas vitórias. Não podemos nos esquecer que a Bíblia antes de ser um Livro de promessas é um Livro de mandamentos que nos orienta em tudo, desta forma afirmamos que a Bíblia é nosso manual de fé e prática.

O que precisamos é de uma volta a Palavra de Deus, uma volta a pregação Cristocêntrica, uma volta a pregação expositiva que ensine a Bíblia e reflita a interpretação do autor. O sermão expositivo nos garante que a verdadeira mensagem bíblica seja pregada sem exageros, alegorias, heresias, ênfase no homem e pretextos.

Pr Elder Cunha

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